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Você deseja desenhar rostos interessantes e variados para seus personagens, mas não só todos os rostos ficam parecidos, como também só consegue desenhá-los de frente ou de lado. O motivo disso pode ser porque você assiste a vários vídeos no YouTube sobre como desenhar cabeças utilizando o método Loomis, que é um sistema interessante, mas que as pessoas costumam ensinar incompleto.
Hoje vou ensinar como estudar cabeças corretamente, como rotacionar e usar caixas para entender os planos da face e também para que você consiga desenhar rostos de qualquer ângulo. E, no final, vou mostrar a técnica que uso para criar infinitos desenhos de rostos e como faço para estilizá-los.
Dê uma olhada nestes desenhos:
Para você conseguir desenhar rostos com esse nível de detalhe e qualidade, a primeira coisa que precisa entender é: o rosto possui uma estrutura formada por ossos e músculos. Mas, você não quer ser médico, você quer é desenhar personagens. Portanto, não precisa se preocupar em decorar tudo isso. No entanto, você precisará entender as formas principais dessa estrutura e, para isso, resumimos todas essas informações do rosto nos planos da face.
A Importância de Entender a Estrutura do Rosto
Para conseguir desenhar rostos de qualquer ângulo e também pensar nesses planos, você precisa saber como rotacionar e manipular formas simples, como uma caixa, na imaginação, e com base nisso fazer o desenho da cabeça.
Rotacionar caixas em perspectiva é algo extremamente fácil, e para provar, vou te ensinar como fazer isso agora. Aqui temos um cubo tridimensional, chamado assim porque tem três lados. Na escola, você aprendeu sobre os eixos X e Y no plano cartesiano, onde X é a altura e Y é a largura. No cubo, teremos um eixo a mais, o eixo Z, que é a profundidade.
Para rotacionar um cubo, primeiro considere o eixo que será o centro de rotação, no nosso exemplo será o eixo X. Se destacarmos os cantos desta caixa e desenharmos uma elipse usando esses pontos, veremos que essa elipse nos ajuda a girar a caixa. Então, se girarmos os cantos de nossa caixa no sentido horário ao longo desta elipse e os conectarmos, veremos que este plano já está girado. Perceba que o eixo X não mudou. Logo, podemos apenas desenhar essas linhas seguindo o eixo X e, quando conectarmos tudo, teremos uma caixa girada. Você pode girar para qualquer lado, basta mudar o eixo.
Uma vez que você entendeu como rotacionar a caixa para o ângulo desejado, pode realizar pequenos cortes para deixá-la em um formato mais próximo de uma cabeça.
Pratique a rotação dessa estrutura o suficiente até que não sinta mais dificuldade em fazer esse tipo de estudo. Algo entre 1 a 2 semanas deve ser suficiente, isso se praticar bastante.
Se você for muito iniciante, pode ser que sinta alguma dificuldade para fazer esse estudo. Então, eu recomendo fortemente que você aprenda mais sobre perspectiva no meu livro digital, “O Guia Definitivo Para Você Desenhar Bem“. Lá tem a teoria e todos os exercícios necessários para você entender perspectiva e diversas outras coisas. Tudo dividido por capítulos e também com vídeos mostrando como fazer cada estudo. Literalmente tudo o que precisa para dominar bem os fundamentos do desenho. O download é gratuito e você encontra no menu do site.
Método Loomis é Bom Mesmo?
Muito bem! Até aqui, você aprendeu como rotacionar caixas e também que, para desenhar rostos complexos, precisa entender sobre os planos da face. O que nos leva ao método do Loomis. O problema com os vídeos que tem por aí ensinando o sistema do Loomis é que eles não falam de uma das partes mais importantes, que são justamente os planos da face, coisa que o próprio Loomis deixa muito claro no livro dele, “Heads and Hands”.
O que todo mundo fala na maioria dos vídeos no YouTube é sobre a parte de pensar na cabeça como uma esfera. Mas o problema é que é muito mais difícil você tentar rotacionar e entender planos a partir de uma esfera. O sistema do Loomis é muito bom para entender como se divide o rosto. Mas isso é só uma parte do processo. Para conseguir desenhar rostos complexos, você precisa aprender a combinar os planos do rosto com esse sistema de proporção do Andrew Loomis.
Para isso, vamos dividir esse estudo em duas partes! Primeiro, vamos entender as proporções do rosto com o método do Loomis. Vamos ignorar os planos do rosto por um momento.
Simplifique a cabeça e um círculo, divida ao meio e você terá a linha das sobrancelhas. A base do círculo é a altura do nariz. Repita esse tamanho para baixo para encontrar o queixo e para acima da sobrancelha para encontrar a linha do cabelo. Se você criar uma divisão entre o nariz e o queixo, vai achar a linha da boca, que será a mesma para o lugar onde fica a mandíbula. As orelhas vão ficar entre a linha da sobrancelha e do nariz.
Pronto, vejamos como fica o desenho. Divida o rosto em três partes iguais. Assim, você terá na parte superior a linha do cabelo, em seguida, a linha das sobrancelhas, depois do nariz e do queixo. Marque a linha da boca e da mandíbula e posicione as orelhas. Note que os olhos ficam exatamente no meio da cabeça.
Interessante, mas vamos voltar um pouco e pensar nos planos do rosto.
Os planos mais importantes do rosto que você precisa aprender são: a cavidade dos olhos, a estrutura do nariz, o osso da bochecha, volume dos dentes, lateral do rosto e queixo.
Como mencionei, é muito mais fácil desenhar cabeças de qualquer ângulo se você pensar a partir de uma caixa, pois ela mostra três lados do objeto. Então, o que você vai fazer agora é transformar essas informações do método Loomis em planos, pensando a partir de uma caixa.
Faça o seguinte:
Posicione a caixa no ângulo que você precisa para desenhar a cabeça e use o método Loomis para dividi-la.
Crie um plano na linha da sobrancelha para representar a cavidade dos olhos, imaginando uma forma triangular que vai até o meio da testa, aproximadamente. Agora, para o nariz, pense em uma caixa com a parte superior mais fina, que vai até o meio dos olhos. Desenhe uma estrutura arredondada que começa no nariz e vai até abaixo da boca, lembrando de deixar um espaço abaixo para o queixo.
Crie um pequeno espaço logo abaixo dos olhos e um pouco mais afastado, representando o osso da bochecha. A partir daí, desenhe as laterais do rosto com uma linha que vai até o queixo. Essa é a estrutura final que você terá.
Este é um sistema simples para os planos do rosto, que é muito eficiente. No entanto, para que se torne útil em seus desenhos, precisa fazer parte do seu jeito de pensar, ou seja, estar no seu modo automático. Para isso, você precisa repetir este estudo muitas vezes e tentar aplicar esse pensamento a partir de vários ângulos. Faça isso até se tornar intuitivo. Cem estudos é um bom número. Se dividir tudo em duas semanas, basta fazer oito estudos por dia, e você ficará bom nisso.
Ok, agora preste muita atenção, pois esta é a parte mais importante do artigo!
O sistema de medição de Loomis é útil para nos acostumarmos com as proporções da cabeça. Mas entenda que ele é apenas uma base. Na vida real, há infinitas variações no rosto: cabeças com queixo grande, queixo pequeno, nariz grande, nariz pequeno e todas as combinações possíveis. Então, o segredo para criar rostos infinitos é entender como criar essas diferenças.
Preste atenção, pois vou ensinar meu truque para fazer isso:
Ao desenhar uma cabeça, considere exagerar as formas dos planos do rosto que vimos. Fazendo isso, você terá combinações infinitas dessas áreas e, finalmente, conseguirá criar rostos diferentes e originais.
Uma ótima forma de estudar como criar essas variações é analisando desenhos de outros artistas. Por exemplo, este estudo de Esben Lash mostra como ele manipula e exagera o tamanho das formas.
Legal, né? Mas ainda não é tudo!
Para ter de fato infinitas possibilidades de criação de cabeças, você precisa saber como aplicar esses princípios a partir de referências da vida real.
Pense comigo…
A vida é uma fonte ilimitada de informação para você desenhar, e não estou falando apenas de copiar retratos, mas sim de se inspirar nas formas e variações dos rostos que existem de verdade.
Veja como crio personagens estilizados a partir de estudos de fotos:
Primeiro, analiso os planos e proporções da minha referência, e não preciso fazer exatamente como está lá, afinal, é apenas uma inspiração para o desenho.
Depois de analisar, começo a pensar nas formas e em como acho que ficaria interessante o tamanho e os formatos dos planos. Então, a partir dessa estrutura e estudo, começo a adicionar os detalhes do rosto: olhos, nariz, boca e todo o resto.
Uma vez que você aprende a criar personagens a partir de referências reais, exagerando e misturando da maneira que achar mais interessante, perceberá que não há limite no que você pode criar, e assim terá literalmente uma infinidade de rostos possíveis para seus personagens, sem ficar desenhando todas as cabeças iguais.
Se quiser conferir o vídeo que fiz mostrando tudo isso:
Agora, se você quer ficar realmente bom no desenho, preciso dizer que será necessário estudar diversas outras coisas. Pensando nisso, fiz um outro artigo onde dou um cronograma completo de um ano de estudos de desenho para você estudar em casa e sem gastar nem um real. Clique aí em baixo que você vai gostar!
Excelente post Max, adorei! Realmente a estrutura abre um leque muito grande de criação. Sensacional!
valeu gustavo! Tmj manin.